sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Taxistas (TAXI 1)

Durante o meu ensaio nessa quarta, no Rio Comprido, tentaram arrombar a porta do meu carro, mas graças a Deus, sem perdas maiores do que a maçaneta, graças ao alarme.
Devido a isso, me vi ontem tendo que andar de Taxi pelo Rio de Janeiro, por destino, para o mesmo destino: Rio Comprido.

Antes das aventuras, uma nota sobre a desventura.
Sempre me avisaram dos perigos desse Bairro, outrora um bairro nobre, agora, aparentemente jogado as margens de um córrego escuro, que só não é a céu aberto, por causa da ponte que o cobre.
Concordei em não ensaiar a noite, porque seria de fato, dar sorte ao azar.
Mas me recusei a acreditar que em pleno meio-dia, literalmente, em uma Avenida movimentada, meu carro correria perigo.
Inocência de mineira, provavelmente. Pelo menos já descobri um estacionamento próximo, o que me aliviou a aflição de gastar com os taxímetros.
Enfim, carro deixado na oficina, tive que contar com os Amarelinhos para ir ensaiar ontem.

Foram dois durante meu dia. Um de ida e um de volta.

O de ida.
Seu Sávio. 54 anos de idade, pai, avô, separado e casado novamente, frequentador de um tradicional boteco do Leblon, não abre mão de seu choppinho diário. Depois de deixar o taxi em casa, claro.
Morou a vida inteira no Leblon. E enquanto passávamos pelas ruas do bairro, tentando cortar caminho para a praia, ia me contando aonde era o que, há 40 anos atrás. Com um ar saudoso e um pouco revoltado. Afinal, uma das alegrias de quem já curtiu um bom tempo de vida é a frase: "antigamente era muito melhor de se viver".
Eu particularmente espero dizer o contrário daqui ha uns anos.
Torçamos e voltemos à Seu Sávio.
Esse papo todo e ele ainda não tinha ligado o taxímetro. Eu que vi e o avisei. Mas tudo bem, tinham sido apenas algumas quadras, muito papo e pouco prejuízo. Seu Sávio, um pouco gago, quando se desvencilha dos "cacacacaqueque" dispara a falar em uma agilidade absurda e com uma dicção quase impecável.

Eis que ele, no meio da história de um pequeno clube que se localizava ainda no Leblon, diminui consideravelmente a velocidade do carro, encosta a cabecinha no volante e emocionado me diz:

"Foi aqui que eu conheci a minha primeira namorada, a Elza. A gente tinha 16 anos. Ah, "como era bom viver antigamente". A gente passeava até Copacabana a pé e as 2 da manhã ficávamos esperando o ônibus pra voltar pra cá, sem preocupação nenhuma".

Lindo... nostálgico. Eu já estava imaginando dois jovens (imagem em preto e branco, claro) sentados na calçada, dividindo... enfim, alguma guloseima da época, com toda a candura e cordialidade de então, até que ele solta essa:

"Acredita que eu encontrei a Elza no Orkut? E depois a gente se encontrou pessoalmente".

Para tudo!

Antes que eu pudesse curtir a minha alegria de pensar em quão fantástico era esse reencontro o qual em outra época ("antigamente" principalmente) seria quase impossível, Seu Sávio me solta:

"Tá gorda pra Cace.... Horrorosa! Nada a ver com as fotos do Orkut! Como que pode!? É "Photoshopping" né? Igual que usa nas Playboy? Meu Deus, aquele corpinho, thuchuquento dos 16 anos, triplicou!
Ela tá casada, também já é avó.
Fazer o que né? Já que encontramos né? Fiiiifififififififififififiiiiiiiiiiiiiiizzzz a gordinha feliz e matei a curiosidade. Tava ali mesmo... e porque você sabe né?
Naquele tempo, era segurar a mãozinha e olhe lá.
Mas eu ainda não tava casado, então pra mim não foi traição. Ela até quis largar o marido, mas veja lá se eu tenho vocação pra tamanho GG.
Depois de um tempo conheci minha esposa, e to com ela desde Dezembro.
Ah, conheci ela sabe aonde?
Na internet!" ...

É, acho que pro Seu Sávio, antigamente não era melhor de viver coisa nenhuma.

Obs: Os nomes do motorista e sua namorada foram alterados. Vai saber né? Do jeito que Seu Sávio e suas mulheres são com a internet. Estou evitando problema.

Um canto pra existir.

Eu canto pra ouvir a minha voz.
Gosto de seu som, me lembrando quem sou.
Ao pé dos ouvidos refletores.
Dos olhares desafiadores.
Das bocas seguidoras.
E até das que não sorriem.

Eu canto pra espantar a tristeza.
Aquele aperto no peito na hora do silêncio.
Aquela saudade guardada que aparece nas multidões.

Eu canto porque sei que sou feliz.
E por que sei que também sou triste.
Canto pra escolher o melhor em mim.
Canto pra extravasar o que nem eu sei.
Até que coloque pra fora.

E as vezes eu canto como que assoviando.
Assim, como quem não quer nada.
E mesmo nessas horas é ele que me anuncia.

Eu canto em gotas.
Eu canto em dentes.
Eu canto em noites.
Também nas ardentes.

Eu canto porque existo.
E existo porque canto.
E enquanto estiver canto nesse mundo.
Estarei eu em qualquer canto,
cantando e existindo.

domingo, 23 de agosto de 2009

Cai e tanto...

Cenário:
Em uma festa.
Música.
Sons.
Olhos.
Olhares.
Expectativa.
Ele chega.
Ele a toca.
Ele sorri.
Ele vai falar.
Corta cena.
Várias opções.
Você responde algo inteligente.
Você faz um convite inteligente.
Você dá um sorriso em câmera lenta,
enquanto seu cabelo roça no ombro dele.
Pensa, pensa algo, pensa algo, pensa algo!

Rodou câmera, ação.

"Tudo bem"?
"Tudo bem".
Sorrisos.
Silêncio.
Fala algo, fala algo, fala algo pelo amor de Deus.
Ele sai.
Fade out.
Sobe letreiro.
Créditos:
Nenhum.

E deixa o tempo trazer a continuação.

Espairecendo:

Olhando ao redor pra não ver em linha reta.

Persuadindo:

Tem gente que fala com tanta convicção o que não sabe, que faz a gente duvidar do que sabe.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

De amor.

Eu queria te segurar dentro de mim.
Pelo menos mais um pouco.
Te amarrar nas minhas lembranças,
Te prender nos meus esboços.
Pintar o nosso futuro,
Te desenhar sem tempo pra terminar,
Cantar a sua música, sem hora, sem lugar.
Não dá pra ler no escuro,
Nem pra ouvir filme mudo,
E nem te ter de longe.
Pra onde estamos indo?
Se não estamos juntos, pra lugar nenhum que importe.
Então se importe.
Pra dentro de mim, que seja
Se não era pra ser pra sempre, porque que começou?
Eu não ligo de sentir frio, se for pra te dar calor.
Nem de ser seu amigo, se você for o meu amor.
E eu te seguro pela mão
E te levo pra um lugar seguro.
Aonde você não sinta mais medo
E eu me sinta tudo.
Seu tudo.
Sem nada em troca.

domingo, 9 de agosto de 2009

C A S A

A casa.
A casa da gente.
É um lugar?
Uma cidade?
Uma casa?
Uma pessoa?
Uma família?
Aonde me encontro, me sinto eu, me sinto viva e feliz por assim estar.
Aonde me deito sem medos, sonho gostoso e sorrio antes mesmo de acordar.
A sensação de saber aonde está cada coisa que importa.
O cheiro familiar.
A cama que é minha.
A casa.
Está no passado?
No presente, ou no futuro?
É uma sensação, ou uma mão marcada no muro?
Aonde estão meus retratos,
ou aonde a maioria deles foi tirada?
Minha casa, que guarda a minha alma, com tanto carinho.
E me relembra sempre sorrindo, o meu lugar no mundo.
A TV, os pés pro alto.
A comida, a falta dela.
Os bilhetes e marcas.
Um abraço, um caminho.
Um latido, um cantinho.
A minha casa fica,eu estou sempre;
Indo e vindo.

PONTAS DUPLAS

Tenho que cortar os cabelos.
Minhas pontas estão se divorciando.